segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Viagens, ai as viagens

Por este lado não se pára.... fazer posts com a descrição das viagens é que está difícil.

Desde o último relato, já fui a S. Miguel nos Açores (em Junho de 2015), à Itália (em Setembro de 2015), repeti Paris (na Páscoa de 2016), andei pelas estradas espanholas (em Agosto de 2016) e pelas portuguesas (em Novembro de 2015, Janeiro de 2016 e Junho de 2016).

Daqui a uns dias embarco num avião que me levará a Manchester e ainda vou dar uma perninha em Dublin.

Tenho mesmo de me organizar para vos mostrar o que andei a fazer....

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Barreiras linguísticas

A Maçã de Eva publicou um post no facebook a queixar-se do inglês inexistente dos italianos e isso fez-me pensar nas minhas viagens e nas barreiras linguísticas com que me tenho deparado.

O que posso dizer é que o inglês só é efectivamente 100% seguro… em países de língua inglesa (no caso, apenas tenho experiência no UK) e mesmo nesses...

Vejamos as minhas experiências em outros países:

* Bélgica/ Holanda – fui acompanhada por 1 holandesa e 1 português que cresceram em Bruxelas… eles permitiram que a minha visita a esses países fosse completamente inofensiva em termos linguísticos por isso não posso dar qualquer opinião.

* Polónia – sofrido, muito sofrido! Se houve lugares onde, apesar de não serem fluentes em inglês,
foram simpáticos, compreensivos e tentaram que a comunicação acontecesse… houve outros onde me senti um verdadeiro ET pelo simples facto de ser estrangeira e falar inglês.
Até compreendo que isso aconteça fora dos hotéis… no sector da hotelaria isso escapa da minha
compreensão. No caso tenho histórias para contar no hotel em que fiquei em Lublin que parecem
saídas… nem sei de onde.
Como íamos chegar a Lublin quase às 10 da noite… com uma viagem de 6 ou 7 (ou mais… já nem me lembro bem) horas de comboio, optamos por ligar ao hotel no dia anterior para perguntar se o
restaurante estaria aberto a essa hora. Resposta da rececionista “YES”. Perante esta resposta almoçamos e não nos preocupamos muito com comida o resto do dia.
Chegamos ao hotel cerca das 21h45 e, depois de fazermos o check-in, pedimos que nos indicasse o restaurante pois queríamos comer qualquer coisa. Qual não foi o nosso espanto quando nos disseram que a cozinha fechava às 10 e já não nos atendiam. Ficamos indignados! Afinal tínhamos ligado no dia anterior e a rececionista (que era a que nos estava a atender) tinha dito que seriamos atendidos.
Conclusão a que chegamos… ela não percebeu patavia do que lhe perguntamos ao telefone e respondeu sim, apenas porque sim!!! Acabaram por nos servir muito a contragosto… e a dizer que tínhamos o pequeno-almoço disponível às 7h da manhã.
Outra nesse mesmo hotel… num dos dias tive de jantar sozinha. Optei por jantar no restaurante do hotel. Pois não é que me senti constantemente gozada pelos empregados. Gente que tinha inglês macarrónico a gozar o meu nível de inglês??? Menos, muito menos!

* Espanha – tenho alguma facilidade em perceber o espanhol e, se estiver com disponibilidade mental, começo a ter nível mínimo de conversação em espanhol ao ponto de deixarem de me perguntar em que língua me deverão fornecer os panfletos nas entradas dos monumentos. O nível de inglês dos espanhóis é praticamente nulo. O esforço por entenderem quem não fala espanhol é na mesma proporção.

* França – ui, francês! Vou percebendo.. mas muito pouco e têm de falar muito devagar. Não é opção para os franceses genuínos e que se estão nas tintas para os turistas. Inglês, por norma, também não é opção para os franceses. No caso, tive sorte pois fiquei hospedada em casa de um francês que falava fluentemente inglês. A comunicação com ele foi fantástica. Em termos de restauração, não se dão muito ao trabalho de perceber o inglês… mas são acessíveis à “mimica” e acabam por perceber o que queremos sem nos levar à loucura. A vantagem de Paris é que está pejada de trabalhadores portugueses. Algumas vezes acabei a falar em português porque o empregado ou o dono do restaurante era… português!

* República Dominicana – dentro do resort é fantástico! Os animadores, rececionistas, empregados dos bares e restaurantes…  todos falam inglês. As senhoras da limpeza, empregados de manutenção e afins é que não. Fora do resort é difícil apanhar quem fale em inglês. Fiz uma excursão em que, como eu era a única pessoa sozinha (durante esse dia fui "la chica sola"), fui sentada na carrinha ao lado do condutor. Senhor muito simpático e que queria conversa. Como a língua era o espanhol, eu ia percebendo e tentando fazer conversa mas foi difícil porque não estava com essa disponibilidade “activa”.

* Itália - e chegamos aos italianos! Confesso que não partilho tanto da opinião da Maçã. Sim, eles têm muita dificuldade com o inglês. Mas não achei que se colocassem numa posição de inacessibilidade.
Claro que 18 dias em Itália deu para ter de tudo…
Tive um empregado num snack-bar (onde nem pedi menu em inglês) que quando percebeu que eu era estrangeira me virou costas e foi chamar outro colega para me atender… atenção que eu não tentei falar com ele em inglês, apenas o cumprimentei em italiano e comecei a apontar o que queria no menu.
Tive um empregado numa loja de telemóveis que, como não nos estávamos a entender, desatou a disparatar em italiano. Eu calei-me e fiquei a pensar o que raio ele achava que adiantava com aquilo.
Houve um dia em que jantei com uma família italiana (cheguei a 1 restaurante TOP sem reserva… a
dona/chef sentou-me com a família de uma amiga dela), 2 advogados e 1 filha pré-adolescente, e
nenhum deles falava inglês. Passamos o jantar a tentar comunicar… muitas vezes recorrendo ao Google translator. Foi uma experiência muito interessante!
Fui abordada por italianos que falavam inglês fluente por trabalharem ou já terem trabalhado fora do país ou por lidarem diariamente (ou quase) com outros países do mundo. Fui abordada por italianos que tinham um nível de inglês muito baixo mas que se esforçavam por estabelecer comunicação.
Na sua maioria ficavam admirados por o meu nível de inglês ser bastante bom (até a americana que me acompanhou na minha visita a Milão elogiou o meu inglês) e quando lhes dizia que isso se devia não só aos bons professores que tive mas também ao facto de tudo na nossa televisão ser legendado e não dobrado… ficavam admirados por isso ajudar. Não compreendiam que ouvindo a língua e lendo
legendas isso faz com que associemos os sons ao seu significado… aliás, muitos me perguntaram se isso não era mais confuso!

Resumindo, acho que posso dizer que eu sou uma desenrascada e mesmo só sendo fluente em português e inglês acabo por conseguir estabelecer comunicação com quem não percebe nenhuma
dessas línguas. Ou isso ou tenho sempre muita sorte já que não me lembro de me ter deparado com
nenhuma situação de completa incapacidade de comunicação.